01/12/2021

O papel do carvão mineral na transição energética

O Brasil promete compensar suas emissões de gases causadores de efeito estufa na atmosfera até 2050. No setor elétrico, isso inclui o crescimento da geração eólica e solar – mas o carvão mineral pode ter um papel fundamental para dar segurança a essas fontes de energia.

 

São grandes os desafios para o setor elétrico brasileiro trazidos pelo compromisso de buscar a neutralidade climática até 2050 – o que foi reafirmado na COP 26, a Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas realizada em Glasgow, na Escócia, encerrada em 12 de novembro. Em outras palavras, temos três décadas para que as emissões líquidas de CO2 na atmosfera sejam zeradas. É verdade que, historicamente, boa parte da energia que move a economia brasileira provém de fontes renováveis.

 

As hidrelétricas correspondem a cerca de dois terços da capacidade de geração do país, e é crescente a participação de fontes como a eólica e a solar. Sem as termelétricas, no entanto, não dá para sustentar a expansão da economia e a necessária abertura de empregos sem as quais o Brasil não diminuirá a pobreza e a desigualdade. “O setor elétrico brasileiro não consegue operar sem as termelétricas”, diz João Carlos de Oliveira Mello, da Thymos, consultoria paulista especializada no mercado de energia. “Essas usinas vão ser fundamentais para evitar problemas de abastecimento.”

 

Dar suporte nos períodos em que as fontes renováveis não são suficientes sempre foi um papel exercido pelo carvão no setor elétrico brasileiro. Para continuar exercendo essa função, no entanto, o setor se prepara para uma série de adaptações – veja as principais.

 

1. Adaptação a um setor elétrico em transformação.

Uma série de transformações está ocorrendo no setor elétrico brasileiro. Uma delas é o crescimento da participação da energia solar e eólica na matriz de energia elétrica do país, que passou de praticamente zero em 2010 para quase 12% da capacidade de geração no ano passado. Muito se fala das vantagens econômicas e climáticas dessas fontes renováveis –mas nos momentos em que o vento não sopra, o sol não brilha ou os reservatórios de água se esvaziam, é preciso encontrar alternativas. Não é razoável, no fim das contas, que falte energia elétrica quando o bem estar social está em jogo. Uma das soluções para quando isso acontece é o acionamento das usinas térmicas, capazes de gerar a energia elétrica necessária nos períodos críticos.

 

No setor elétrico brasileiro, existe um mecanismo para que o mercado consumidor remunere a disponibilidade desse tipo de usina, de modo similar ao que ocorre quando se contrata um seguro: nas emergências, aproveita-se o máximo dos benefícios pelos quais se paga. Se essa alternativa não existisse atualmente, provavelmente se pagaria ainda mais caro pela energia elétrica consumida no país. “Esse tipo de contratação, chamada de reserva de capacidade, é utilizada com sucesso em várias partes do mundo”, afirma Mello, da Thymos. “O carvão pode encontrar nessa modalidade de contrato uma forma de se manter competitivo na geração de energia”.

 

2. Modernização das termelétricas existentes hoje.

O Brasil tem atualmente um parque termelétrico a carvão com 1.572 megawatts de potência instalada em operação, o que equivale a aproximadamente 2% da capacidade do sistema elétrico brasileiro. A idade média dessas usinas é relativamente alta, em torno de 22 anos (as unidades mais antigas estão em funcionamento há mais de meio século). O Programa para Uso Sustentável do Carvão Mineral Nacional, promulgado pelo Ministério das Minas e Energia em agosto deste ano, prevê modernizá-las, tornando-as mais eficientes e diminuindo as emissões de CO2.

 

3. Aproveitar os subprodutos da geração de energia.

As usinas a carvão podem se tornar verdadeiras fábricas de matérias-primas, algumas delas estratégicas para a consolidação de cadeias produtivas importantes para a economia brasileira. Isso poderá inserir o carvão mineral em novos setores. É o caso, por exemplo, do agronegócio. A geração de energia a partir do carvão pode gerar como subproduto a amônia, usada na fabricação de fertilizantes nitrogenados, essenciais para a produtividade de lavouras importantes como o milho, o trigo e o arroz.

 

4. Desenvolvimento da captura de carbono para neutralizar as emissões.

Um dos principais modos de compensar as emissões de CO2 será o desenvolvimento de equipamentos para capturar o carbono que sai das chaminés, impedindo que chegue à atmosfera. Atualmente, há uma corrida mundial pelo desenvolvimento desse tipo de tecnologia – inclusive, um dos projetos promissores está sendo desenvolvido no Centro Tecnológico da Satc, com a expectativa de chegar ao mercado nos próximos anos. Uma das metas é chegar a um custo de 30 dólares por tonelada de carbono capturada. “Existem alternativas que já estão sendo testadas na prática com custos em torno de 65 dólares por tonelada”, diz Victor Ribeiro, gerente de assuntos regulatórios da Thymos Energia. “Alguns estudos internacionais mostram que as usinas existentes podem implantar tecnologias de captura de carbono a custos próximos de 45 dólares por tonelada.”


Fonte: ACIC

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