16/01/2013

Desafios da integração do transporte ferroviário no Brasil

Todos nós brasileiros estamos contentes e satisfeitos com a situação econômica do País, finalmente estamos sendo tratados como gente grande, alvo de investimentos de boa parte do mundo, com espaço e oportunidades para crescer. Porém quando olhamos o tamanho dos desafios que teremos de enfrentar no curto prazo para tornar esta realidade sustentável, sentimos um frio na barriga e indagamos para nós mesmos se vamos conseguir.

Com as olimpíadas e a copa do mundo se aproximando a passos largos, o transporte das pessoas nos grandes centros se mostra um gargalo que necessita ser resolvido com urgência. Esta solução passa obrigatoriamente pela integração dos vários modais de transporte disponíveis, tais como: trem, metrô, ônibus e carros.

Na cidade de São Paulo o metrô retira 300 mil carros das ruas por dia e não há dúvidas que este é o melhor e mais eficiente transporte de massa para as grandes cidades, porém ele só não é suficiente. Um sistema de transporte urbano eficiente tem que ter capilaridade, como, por exemplo, a criação de bolsões de estacionamento nas estações de metrô dos bairros mais afastados do centro, com preços convidativos de modo que incentive o usuário a não trafegar pelo centro da cidade.

Os ônibus devem fazer os trajetos dos bairros mais distantes até as linhas de metrô e trem, de modo a escoar mais rapidamente a população rumo ao centro da cidade. Para que isto aconteça precisamos de mais linhas e mais trens, pois o sistema de trens de São Paulo é tímido no seu tamanho e mostra sinais visíveis de saturação. Situação semelhante se verifica em cidades como Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte, entre outras.

Apenas nos últimos anos estamos ouvindo a falar no Brasil da sigla TAV (Trem de Alta Velocidade), realidade presente em quase toda Europa e Ásia desde a década de 80 e agora na China, onde o modal progride a olhos vistos com a inauguração da maior linha de TAV do mundo, com 1.300 km ligando Beijim a Xangai. O Brasil não poderia estar tão atrasado com esta tecnologia, pois somos um país de dimensões continentais e grandes centros urbanos no Sul e Sudeste, separados a distâncias entre 400 Km e 600 Km, ideal para este tipo de transporte.

A história é cruel e tem memória, mas muita gente já esqueceu e os jovens nunca presenciaram que em 1960 as ferrovias brasileiras de longa e média distância transportaram 100 milhões de passageiros. Quanto abandono e quanta política errada para chegarmos aos dias de hoje, depois de 60 anos, com o dobro da população e verificando que todos os ônibus intermunicipais e interestaduais transportam 133 milhões de passageiros. A Alemanha, país um pouco maior que o Estado de São Paulo, tem 36 mil Km de ferrovias, enquanto o Brasil todo tem 26 mil Km, sendo mais de 95% deste total dedicado a transporte de carga.

Analisando a matriz de transportes de carga no Brasil, verificamos que 59% pertencem ao rodoviário e apenas 24% ao ferroviário, enquanto que nos Estados Unidos 32% são do rodoviário e 43%ferroviário, quadro idêntico ao Canadá, com 43% rodoviário e 46% ferroviário. Existe um desequilíbrio em nossa matriz e ainda não aprendemos a lição de que o setores ferroviário e rodoviário são complementares, pois existem cargas e distâncias adequadas para cada modal. Não tem sentido carretas saírem do Centro Oeste do Brasil para trazer grãos e outros produtos para os portos do Sul. Faltam linhas e terminais para integrar o transporte ferroviário com rodoviário.

Talvez o Brasil consiga ganhar a copa de 2014 no campo onde não faltam talentos para este feito, porém nas ruas, estradas e aeroportos, iremos perder uma grande oportunidade de mostrar um Brasil moderno para o mundo que indique ser um porto seguro para grandes investimentos. Seremos uma vitrine, e se não agirmos rápido iremos perder a copa da nossa infraestrutura e não chegaremos nem na medalha de bronze em competência no ano de 2016.

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