22/04/2020

Segurança em Ferrovia é chave de sucesso

No momento em que escrevo esse artigo, todos nos encontramos sob o efeito de uma gravíssima pandemia, que assola o mundo, e que se deseja logo terminada.

O aprendizado decorrente desta situação será de extrema valia. Espera-se que o mundo saia transformado, para melhor. No setor ferroviário nacional não será diferente.

Embora sempre tenham primado por trabalhar com redundâncias nas questões de segurança da operação, seja no transporte de cargas quanto no de passageiros, as concessionárias ferroviárias operadoras destes sistemas redobrarão seus esforços para continuar prestando este serviço público essencial com qualidade e segurança, desde sempre oferecidas a seus usuários e colaboradores.

A indústria ferroviária brasileira também, ela que sempre trabalhou com prioridade em segurança, nas diversas fases de fabricação de produtos inovadores, desenvolvendo seus projetos para que os usuários desfrutem seus produtos com o máximo desempenho e segurança.

O transporte ferroviário de cargas é um sistema que, assim como o rodoviário, desempenha um papel estratégico para a economia brasileira, principalmente no transporte de produtos como soja, milho, farelo, açúcar, fertilizantes, celulose, siderúrgicos, minério de ferro e industrializados em contêineres.

A garantia da eficiência desse sistema passa pela operação segura, a fim de que sejam evitadas falhas que possam provocar ocorrências como descarrilamentos e outras interrupções na via.

Neste contexto, as concessionárias têm investido maciçamente em tecnologia, manutenção e treinamento de seus funcionários e, como resultado, têm obtido uma permanente redução no número de ocorrências nos últimos anos, situando nossas ferrovias de heavy haul (transporte pesado) como das mais seguras do mundo.

Em toda a cadeia produtiva da indústria ferroviária, as ações se somam com o mesmo objetivo, através do desenvolvimento de truques (sistema rodante dos vagões e locomotivas) de alto desempenho que garantem uma melhor interação entre o veículo e a via (evitando descarrilamentos e desgastes de componentes), de sistemas de acionamento pneumático de portas de descarga e de escotilhas de carregamento (eliminando a insegurança provocada aos operadores no alto dos vagões de carga) e de outros  recursos de Engenharia para a garantia da segurança operacional da ferrovia.

Podemos citar, ainda, o desenvolvimento e fabricação no Brasil, dos vagões chamados Double Stack, que transportam contêineres empilhados (duas alturas), largamente utilizados nos EUA.

Como o empilhamento de contêineres eleva significativamente a altura do centro de gravidade do vagão, o comportamento dinâmico deste vagão, nas vias e condições operacionais brasileiras era uma incógnita.

Diante disso, a Engenharia do fabricante nacional criou um modelo virtual onde foi possível simular, utilizando a geometria real da via, a operação do vagão em todo o trecho da futura aplicação.

O uso destes recursos permitiu realizar ajustes no projeto de forma a obter a melhor interação veículo-via, garantindo um alto nível de segurança operacional.

Visando à redução dos riscos de descarrilamentos, uma série de simulações foi realizada para avaliar possíveis fenômenos que levassem ao risco de tombamento, inclusive potenciais ventos laterais na região de operação do vagão.

Após a conclusão do projeto, já na versão ideal quanto ao comportamento dinâmico, os resultados favoráveis foram comprovados com testes práticos em um vagão-protótipo instrumentado.

Também no transporte de passageiros sobre trilhos (metrôs, trens de superfície, monotrilhos e VLTs), a indústria ferroviária nacional prima pela segurança, ao desenvolver e fornecer sistemas de sinalização da via que possibilitam a máxima aproximação segura entre os trens, diminuindo significativamente o intervalo entre eles, o que permite formar um sistema chamado carrossel, que oferece um transporte de massa eficaz, seguro e confortável para o usuário.

A segurança, enfim, é um fator primordial para as ferrovias e, neste contexto, as operadoras e as indústrias brasileiras andam juntas para oferecer aos seus usuários o que há de mais moderno e seguro no mundo.

Fonte: Vicente Abate - Presidente da Abifer

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